sábado, 11 de outubro de 2008

E matou...




A vida de viagens vai te matar!



Seria mais uma santa ironia
se eu dissesse Aleluia!
Anjos no inferno, demônios no céu
e você na terra, na terra pra mim?
Observo o choque matador de teus olhos,
fitaria tudo por horas,
mas talvez você não iria gostar de me conhecer,
por receio ou será que lhe falta tempo?
Posso deitar com você?

Tudo bem. Não desistirei.
Isso é só a parte mais difícil de viver.
Tudo bem. É isso que você quer.
Viaje e deixe que tudo passe desta vez.
Novamente irei suportar.
Acredite. Conseguirei!
É isso que você quer?
Incrível céu noturno!
Posso deitar com você?



Não se perca na prescrição de vôos fracos,
tendo uma visão cega do que é real.
Essa é a última noite que minto.
Posso deitar ao seu lado?

Como gostaria de apreender seu nome e até você,
esperando que queira fazer o mesmo,
por que não morrer?
Estou sendo trágico! Não é espanto.
Meu vôo fraco cômico.
Eu ainda insisto:
posso deitar ao seu lado?

Pense em tudo que poderia encontrar.
As luzes que ainda caminham em par
em ti, em todos nós,
querendo urgentemente
uma vida estéril do falso amor.
Imagine tudo que poderia ser;
gostaria que roubasse o tempo para me reparar.
A culpa não é sua por eu ser assim,
chutar folhas que vejo no maldito jardim,
dançando numa árvore,
querendo picadas no veludo sem fim.
(Eu já quis. Desisti! Você sabe.)
Eu não culpo você.
Posso deitar ao seu lado?

Talvez isso não irá ajudar,
então ria daquele ridículo altar.
Aleluia! Cinzas! Aleluia!
Cadê as pílulas e as agulhas?
As viagens vão te matar!
Não permita.
Sentirei sua falta, sentirei muito sua falta
e a ausência do choque do seu beijo
torna isso tão difícil.
Não é simples alguém querer.
Você conseguiu o que mereceu?

Seria mais uma santa ironia se eu dissesse...
Posso deitar com você?
Indo abaixo.







Imagem:
O Poeta Viajante

Criação: Gustave Moreau