sexta-feira, 10 de outubro de 2008

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Enquanto a chuva cai



...antes do silêncio,
durante a escuridão mais escura
não se via nem um ser vivo,
não havia sequer um pássaro no céu
ninguém era capaz de pensar.
De repente, não mais que de repente
o horror dos pesadelos
quebrou o silêncio atordoante,
fez as luzes surgirem como um mágico amanhecer
para a parte mais difícil de viver
simplesmente acontecer:
Dúvidas.
(Você não está sozinho.
Eu espero que você saiba)

O dano causou feridas
temporárias, permanentes...
que a vida exigiu pelo prazer
de poder em raros momentos rir,
rir tão alto que pode doer,
ou pelo menos para conseguir fugir.
(Ria!)

O que sou? Por que sou?
O que quero? Por que quero?
Não é tão simples assim?

O vento traz uma chuva cinzenta
com respostas que podem sangrar seu coração
como quando iluminamos nosso caminho,
como quando socamos nosso tempo, nosso destino
para experimentarmos a mais fria sensação.
Paixão com razão é o roubo de teus olhos
(de tantos olhos!)
não visíveis a qualquer um,
apenas àqueles que como você
têm mais de uma opção.
(Você não está sozinho.
Eu espero que você saiba)




Físico. Mental.
Seguramos em nosso coração a espada e a fé
inchados pelas nuvens de chuva,
movendo-se como a fúria
(não uma qualquer)
procurando respostas sem perguntas a formar
ou que já estão em você, mas não quer acreditar.
(É o que vejo)
Pode optar por ser
mais uma música triste com nada para dizer,
fugindo, correndo.
(Você sabe do que, de quem)
Mas para onde? Como esconder?
Ou encontrar outra maneira,
como o brilho de teu sorriso a encantar
(a tantos)
assim como o seu sangue vivo.
Não passe o resto de seus dias
balançando só para os mortos,
nem vivendo de sonhos
em que nunca irá acordar.
Esqueça as ofensas, os inimigos também.
Elas padeceram neste inferno
e eles no próximo como quiser.
Viva o momento: arriscando, sofrendo.
Viva o momento: amando, entendendo.
(Você não está sozinho.
Eu espero que você saiba)

Recíproca sinceridade.
Homens e mulheres.
Homens ou mulheres.
Talvez sim. Talvez não.
Podem amar, no mínimo apaixonar.
Tudo é tão normal.
Vivendo, morrendo...
Gozando, temendo...

Posso estar errado, mas sou o primeiro a pedir desculpas.
Posso ser errado, mas aprendo coisas malditas.

Peça desculpas se puder, mas não como eu.
Admita o erro, mas não como eu.
Não queira ser infeliz, não poder amar
sabendo que sempre está morrendo,
como pragas em um lindo pomar.
(Eu sei!)
É difícil conviver com alguém por muito tempo.
(Entende? É apenas instante)

A chuva parece cessar,
anjos param de chorar.





Imagem:
The Waterlily Pond (1899)
Criação Claude Monet

..



O seu fantasma



Enfim encontrei o amor,
algo maravilhoso, inovador,
que em meu morrer silencioso
fez despertar um pouquinho de fé,
talvez esperança,
mas não uma qualquer,
de neste instante
em um segundo perfeito,
apenas um segundo, nada mais
poder ser feliz,
perder a infância de horror.
(Você sabe. Poucos sabem.)

Nunca pensei que fosse tão difícil.
Nunca imaginei conseguir.
Nunca acreditei isso poder.
E você nem ao menos percebe,
enclausurado em suas aflições,
morrendo por seus desejos injustos
como se fosse um anjo no inferno
(neste ou no outro se quiser)
que busca sem cessar pelo Paraíso,
algo maldito, tão incerto.

Por que tem que ser assim?
Não sou merecedor de um belo fim?
Por que tem que ser assim?
Coração a chorar a todo instante,
desejos de um viver constante,
ao seu lado, ao seu lado...
esquecendo o corrupto passado,
minhas mentiras, faces frias
sendo o que realmente sou.
Apenas ao seu lado.

Sei que o maior erro é o meu,
por não possuir coragem de dizer
nem ao menos suspirar meus sentimentos
por medo de não ter você. Só você!
Seu fantasma atormenta-me todos os dias
dando-me amor à distância
sem você saber,
dando-me um ódio constante
implorando por morrer.
E você nem ao menos percebe.
Está com chuviscos ao amanhecer,
como minhas lágrimas,
tão sinceras, necessárias
por este ato de amor.




Os dias velam pelo tempo.
Os dias velam pelo tempo.
Os dias velam por mim.
E todos cairemos, todos cairemos...
Tudo cai! Tudo cai,
enquanto estou a chorar.

Eu nunca os deixarei, eu nunca os deixarei
Eu nunca os deixarei machucá-lo,
eu não consigo esquecer você.
Eu nunca os deixarei, eu nunca os deixarei
Eu nunca os deixarei machucá-lo.
Incrível ser.
Eu prometo!

E através de tudo,
espero ao menos salvar minha alma,
que assim como o seu viver
permaneça pela eternidade em plenitude.
E através de tudo,
resta pouco tempo para mais um partir,
mais um infeliz,
que sempre irá você amar,
seu sorriso, suas aflições lembrar.
Ao seu lado escutei, suportei
e não percebeu.

Tudo cai.
Bem, depois de tudo...





Imagem:
Saule pleureur
Criação: Claude Monet

...




Faz-me viver, faz-me feliz!



No início.
Quebrou-se meus braços no pesadelo,
mas meus desejos, sobre meu peito
ainda não morreram de frio,
pois só o tempo,
Fantástico e Trágico é o tempo,
como brasas caídas em meus outonos pensamentos,
por vezes resistentes suavemente,
os fará dolorosos,
assim como o mundo ou o céu desistir.
Nunca mais existir.

Um por um.
Meu peito se exauriu:
da melancolia que por dias consumi,
que com os desencantos por vezes inventei,
apenas para que a tão sagrada morbidez
permanecesse para me defender de você.
(Foi um grande erro!)
Privei-me por muito tempo de sentimentos.
Lindos e puros,
(você sabe)
que não posso mais temer.
Por mim:
que o amor descobri
e de meus lábios mistérios transbordei.
Por você:
que é um doce merecedor,
e além de tudo faz-me viver, faz-me feliz.

A lua parou no céu.
Enquanto a chuva cai com o silêncio atordoante
e o seu fantasma brinca com os tormentos,
feliz, contente,
(lembranças que amarei para sempre)
a prata avança lentamente
que talvez você naquele tempo, sem saber
como uma estrela ardente
fez a lagoa negra, que foi meu coração
enfim a vida respirar e poder assim brilhar.
(Você é um anjo em século.
Vivo, desejo pulsante.)




Prometa!
Tremo em pensar que poderá ser infeliz,
padecendo pelos outros e sendo infeliz.
Sendo infeliz e longe de mim,
pois se ao menos estivesse perto, concreto
dar-lhe-ia meu carinho
de palavras e sutis gestos
que o infinito de meu íntimo,
assim como o fim do mundo,
que a paz silenciosa não pode encontrar
e jamais irá desfrutar,
nunca irá negar. Pra você! Por você!
Prometa não ser infeliz.

Não haverá fim.
De você não desistirei,
pois finalmente sou eu mesmo
não mais chorando pelo medo de fazer acontecer,
mas sim vivo por você poder ver
muitas vezes seu ser querer,
para conversar, para o amor usar.
(Sinto-me bem!)
Nada posso reprimir (lamento)
sua presença ainda persiste em mim
não me deixando sozinho
(tudo é real!)
sabendo que apenas o tempo não poderá apagar,
eu não iria suportar.
Não é obsessão, só não canso de escutar,
sua voz de seus lindos lábios sussurrar
palavras, simples palavras
que aquecem o meu coração.
Mente e espírito renovar-se-ão.

Tudo. Gostaria de ter você.
Acalme-se. Seu rosto freqüenta meus sonhos mais alegres
fazendo-me como ave que à noite mergulha no seio do mistério,
perdendo minha alma num infindo amor.
Sim! Um anjo quer adormecer.




Imagem:
The Garden in Flower (1900)
Criação: Claude Monet