sexta-feira, 17 de outubro de 2008

!!



O fim (Um tanto razoável)





Saíamos felizes do restaurante
perguntando se dessa vez iria chover o bastante.
Quando de repente tudo aconteceu.
Em um instante tudo desapareceu.
Beijos morreram... Lábios secaram...
Eliza!Cadê você?
O casamento iria ser tão lindo,
agora meu terno está em pedaços.
Custou uma fortuna. Quem fez tudo isso?
Eliza, está tão escuro,
mas escuto você respirar. Parece querer algo falar.
Fale!Fale!
- Santo capitalismo... Sempre adorei o norte imperialismo,
agora estou no auge de minha humanidade gananciosa
ainda há bombas a estourar...
Bombas(H)!Bombas(H)!Bombas(H)!
Continuem a festa, não parem,
restará tempo para transar.
Isso eles sonhavam ouvir. Adeus amor!
Chegou o fim.

Eu me lembro. Eu não quero lembrar.
Vida foi mais um sonho que passou
e jamais irá retornar.
Ninguém é merecedor.
Faríamos tudo de novo.
Matar. Matar. Destruir. Destruir.
(Sem amor; sem amor.)
Prezávamos a inveja, o ódio, o rancor...
Dinheiro. Sexo. Dinheiro. Sexo.
Muito dinheiro... Muito sexo...
Meus irmãos e minhas irmãs não vão retornar.

Pau e pedras... Pau e pedras...
Começaram os gritos aflitos
dos "normais" e dos "defeituosos" que resistiram.
A primeira visão do que restou foi horrível,
ainda é horrível, mas temos que aceitar.
A poeira subiu vermelha das vidas que se foram
apareceram então os resquícios da destruição supranatural,
como se fosse um lindo banquete que esperava
por convidados famintos de crânios e sangue da população mundial.
Órbita. O mundo não saiu de sua órbita,
o universo ainda expande-se
como a fome e a ganância que ainda não foram destruídas.
Eliza, sinto tanto a sua falta
com você também se foi meu coração,
e agora sou mais um escravo desses "desenvolvidos"
que nos iludem com um falsa reconstrução.
Ameaças ainda existem:
- Trabalhe seu porco, ou não terá jantar!
A tolice também:
- Sim senhor, feliz e com louvor!

Eu me lembro. Eu não quero lembrar.
Vida foi mais um sonho que passou
e jamais irá retornar.
Ninguém é merecedor.
Faríamos tudo de novo.
Matar. Matar. Destruir. Destruir.
(Sem amor; sem amor.)
Prezávamos a inveja, o ódio, o rancor...
Dinheiro. Sexo. Dinheiro. Sexo.
Muito dinheiro... Muito sexo...

Meus pais e minha noiva não vão retornar.

Tento ao máximo resistir, fazer de conta que vivo.
Meus últimos amigos começam a morrer.
Mamãe, você não tem idéia do que fazemos
sentiria vergonha se visse tudo,
mas temos que sobreviver e eles...
Eles querem muito prazer.
- Acalme-se, não sentirá muita dor. Será bom!
É tudo tão feio: nossas atitudes (não temos escolha)
É tudo tão feio: esqueletos de 10 m por todo lugar.
É tudo tão cinza. É um morto cinza.
Somos todos mortos e preservamos (não temos escolha)
o mal do mundo e sua estupidez,
como nosso maior tesouro.
Bem, o tesouro de poucos: a ganância.
Desertos por todos os lados, sofrimento constante.
Felicidade que como as pirâmides não mais existem,
pois tudo desabou; o que vou fazer?
Seria a morte minha grande vitória?
Quero morrer. Não há mais nada que me prenda aqui.
Agora! Agora!

Eu me lembro. Eu não quero lembrar.
Vida foi mais um sonho que passou
e jamais irá retornar.
Ninguém é merecedor.
Faríamos tudo de novo.
Matar. Matar. Destruir. Destruir.
(Por orgulho; por orgulho.)
Prezávamos a inveja, o ódio, o rancor...
Sexo. Dinheiro. Sexo. Dinheiro.
Muito sexo... Muito dinheiro...
Fogo! Fogo! Fogo!
Zzz... Zzz... Zzz... Zzz... Zzz...

(Saíamos felizes do restaurante
perguntando se dessa vez...) Fogo! Até logo.







Imagem:
Brautpaar mit Eiffelturm
Criação: Marc Chagall

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