segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Nós?




A Dança

No início, as coisas eram boas.
No primeiro encontro transamos,
você com suas mãos excitando-me
e dizendo que eu era o seu grande amor.
Tirou por completo meu pudor.
Por várias vezes, tantas vezes, ferindo-me,
enquanto perto dançávamos
a única música que nos fazia estar juntos... Horas tolas.

Mas depois do êxtase, do ápice da música
estava eu jogado na cama
sentindo-me imundo, estúpido,
porque mesmo sofrendo conseguia amar.
Você nem ao menos tinha vontade de me beijar
antes de sair pela porta para o seu mundo,
atrás de pessoas para mais uma aventura insana
enquanto ficaria com essa vida lúdica.

Por que você tinha que aparecer?
Ainda estava vivo sem você.
Depois... Depois... Enlouquecer.

Resolvi ficar longe.
Para o ex-namorado voltar.
Mas as coisas eram diferentes,
sobre os lençóis o movimento não era o mesmo,
o instrumento dele era tão pequeno,
as sensações dentro de mim pouco quentes
em que mal podia realmente dançar.
Não havia ligação. Não havia a nossa ponte.

Então corri atrás.
Deixei o orgulho de lado,
implorei pra você novamente me amar
mesmo que com você eu padecia,
mas sem você o pior um momento viria
Meu desejo era de com você casar
mesmo que sofresse e também fosse amado.
De você não desistiria jamais.



Por que você tinha que aparecer?
Ainda tinha amigos sem você.
Depois... Depois... Esquecer.

Bela foi a união.
Vermelho e negro
como o meu coração.
Paixão e rancor intensamente
que habitavam meu corpo e minha mente
despertando em mim tanta emoção.
Mas também fazendo nascer um medo
que era pior que a da primeira penetração.

O nosso casamento de sangue não deu certo.
Quem sangrou fui eu
e você apenas olhou.
Você a excitação. Eu a dor.
E o que eu pensava ser amor
era vício que me afundou
em um terrível, maldito breu,
fazendo um desejo de morte ficar de mim muito perto.

Por que você tinha que aparecer?
Ainda tinha sonhos sem você.
Depois... Depois... Perder.

Então o previsto aconteceu.
Destino? Fatalidade? Não sei.
Sei apenas que prazer maior sentiu
minha alma ao fatiar seu corpo,
deixando-me um pouco tonto,
lembrando tudo o que você mentiu.
E eu um desejo novo criei
em que o dançar sobre seu sangue permaneceu.

Por que você tinha que aparecer?
Ainda havia humanidade sem você.
Depois... Depois... Prazer.







Imagem:
Endless Love
Criação: Alfred Gockel

5 comentários:

Anônimo disse...

muiito legal , gostei bastante ^^

Beautiful nerdboy disse...

Oiii Rafinha! olha, o poder sobre as palavras é algo que a muito tempo os antigos gregos já cultuavam e estudavam... e sabiam que o poder sobre ela, e a arte da retórica, poderiam construir ou destruir impérios, moldar ou solidificar um homem... E você é como um dos poucos que ainda consegue transformar um conjunto delas, em arte, a mais bela e pura poesia, que embebeda e amalgama os sonhos daqueles que sabem encontrar nelas a fuga para um mundo ideal...
Te adoro...

Luc disse...

adoro a maneira como tu coloca as palavras.
dão musicalidade e ânimo em chegar ao fim (,) culminante e preciso. precioso.

Marcos Quaini disse...

me surpreendo a cada poesia tua... gostei, bem original e ousada... Mas prefiro algo mais suave. Cada um com seu gosto. Mas n importa a poesia, n perca esse ar de mistério q vc passa aos leitores.

kitty with diamonds disse...

ousado e instigante, gostei.